Caracterizada por um estado persistente de desconforto, a dor crônica pode derivar de diversas condições médicas e cabe ao profissional identificar e tratar o caso corretamente
A dor crônica envolve a persistência da dor além do curso normal de uma lesão ou doença, algo que afeta diretamente a qualidade de vida do paciente. Essa dor pode ser classificada em três tipos: nociceptiva, referente a um dano tecidual; neuropática, que se origina no próprio sistema nervoso, também associada a doenças como diabetes; e mista, que é a união dos dois tipos anteriores.
O diagnóstico correto da causa dessa dor crônica, assim como a elaboração de um plano de tratamento, é essencial para a recuperação do paciente. Em um guia sobre rotação de opioides, por exemplo, o profissional de medicina terá ainda mais bagagem para entender como utilizar adequadamente esse tipo de medicação no tratamento de dores crônicas e outros casos clínicos.
Para entender melhor a atuação do profissional de medicina no tratamento das dores crônicas, conversamos com Beatriz Vilaça, especialista em Clínica Médica da Medway.
Como é feito o diagnóstico de uma dor crônica?
Para entender melhor sobre essa dor, suas origens e possibilidades, a médica Beatriz Vilaça explica que “na consulta médica, devemos questionar as características dessa dor, quando iniciou, se tem fatores de melhora e piora, entender a origem da dor e fazer o exame físico desse paciente. Saber se o paciente tem alguma doença, se já usa medicação contínua e se faz algum tipo de atividade física também é muito importante”.
Além disso, dependendo da reclamação inicial da dor crônica, entender o histórico familiar é outra forma de diagnosticar a possível causa. A especialista ainda completa dizendo que “… dores de origem mecânica, principalmente a dor lombar, e as dores neuropáticas, como ocorre em pacientes diabéticos” são as causas mais comuns para as dores crônicas. A partir desse ponto de partida, o médico será capaz de entender melhor sobre a dor e estabelecer um plano detalhado visando o tratamento.
Tratamentos
Como falamos anteriormente, o diagnóstico pode apresentar várias respostas em relação ao que está causando essa dor crônica. Dessa forma, o tratamento dependerá da origem e das características da dor.
Segundo a Drª. Beatriz Vilaça, quando falamos de tratamentos medicamentosos, “… podemos usar desde analgésicos comuns, como paracetamol e dipirona, até antidepressivos ou anticonvulsivantes. Dependendo do caso, há indicação de medicação intramuscular ou bloqueio anestésico”.
Apesar disso, ela ressalta que há também os tratamentos não medicamentosos, como pilates, fisioterapia, acupuntura e mindfulness, ou outras técnicas de relaxamento. De acordo com a especialista de Clínica Médica, a definição do tratamento leva em consideração tanto o diagnóstico geral quanto a disposição do paciente, “… de modo geral, explico as opções medicamentosas e não medicamentosas para o paciente, e traçamos um plano terapêutico em conjunto” completa.
Agravamento da dor
Por conta da variedade de causas que podem causar a dor crônica, se o paciente não seguir as recomendações necessárias, tanto medicamentosas quanto a mudança de rotina para tratar a origem da dor, há a possibilidade do quadro clínico piorar.
Nesse caso, a doutora ressalta que “primeiro temos que entender o motivo desse agravamento da dor. Após essa avaliação, podemos aumentar os remédios contra a dor e, em alguns casos, internar o paciente para melhor controle álgico”.
Equipe multidisciplinar
Com o avanço da medicina e de outras áreas da saúde, é possível afirmar que, ao estabelecer o tratamento da dor crônica, contar com uma equipe multidisciplinar pode ajudar não só na melhora da dor, como na prevenção de novos problemas.
“Sabemos que fisioterapia, pilates, acupuntura, psicoterapia, meditação (e várias outras técnicas de relaxamento), além de atividade física, são importantíssimos para o tratamento desses pacientes e fazem muita diferença.” completa Vilaça. É crucial ressaltar que esses outros tipos de tratamento são comprovados cientificamente.
Impacto psicológico
Muitas vezes, essas dores crônicas impedem que o paciente tenha uma vida normal e fiquem limitados em atividades que antes eram realizadas sem nenhuma dificuldade.
“O impacto na saúde emocional do paciente é enorme. Muitas vezes o paciente está deixando de fazer algo ou perdendo a sua funcionalidade pela dor. Por isso que as terapêuticas não medicamentosas são muito importantes. É fundamental abordar tanto a dor crônica quanto a saúde mental ao lidar com esse tipo de condição”, afirma a médica.
Como vimos, as dores crônicas atrapalham e muito a vida do indivíduo. Nesse caso, é fundamental que ele procure ajuda médica especializada, que, através de um diagnóstico adequado e a elaboração de um plano de tratamento personalizado, vão ajudar o paciente a aliviar esse problema tão limitante.